CONVERSAR E TENSIONAR NA FORMAÇÃO (DES)CONTINUADA INVENTIVA/INCLUSIVA: RELATOS DE UMA ESCOLA-TERRITÓRIO

Marcia Roxana Cruces Cuevas

Resumo


O artigo inicia com indagações sobre a formação de educadores inclusivos a partir do paradigma de rede. A concepção de homem e de mundo que orienta esta investigação aponta para a complexidade da vida. O trabalho configura-se como uma investigação qualitativa móvel, onde nos perguntávamos e perguntamos acerca de como a conversação, na formação de professores se efetiva como uma forma de resistência, de criação à subjetividade capitalística? Realizamos uma pesquisa-intervenção porque assume o plano da experiência enquanto intervenção. Realizamos uma cartografia das ações e criações de profissionais de uma escola pública de Ensino Fundamental de Educação de Jovens e Adultos que trabalha nos três turnos com pessoas oriundas das camadas populares e que tiveram negado o direito de estudar. Todos os relatos foram registrados no diário de campo e gravados digitalmente. O material produzido foi analisado a partir da análise do discurso proposto por Foucault, buscando escapar da frágil interpretação daquilo que estaria por trás dos documentos, pois entendemos que as produções são uma realização histórica, política. A formação descontinuada dinamiza o processo de organização do trabalho docente e da prática inclusiva, via produção de redes colaborativas que dinamizam a escola-território. Uma formação em tempos de desafios inclusivos demanda ser inventiva. Na experiência junto à escola-território vimos que quando uma formação se rege por análises da implicação, onde não há linearidade dos estudos e reflexões, já que a cada encontro se conversa sobre novas experiências vividas e problemas enfrentados, proliferam redes colaborativas, fundamentais para a superação do individualismo.

 

Palavras-chaves: Formação de educadores. Educação de Jovens e Adultos. Educação Especial.


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